• Rua Almirante Alexandrino, 5909, Santa Teresa, Rio de Janeiro
  • contato@anfitrioesdocosmevelho.com.br

Comunidade Guararapes

Em documentos do primeiro presidente da Associação dos Moradores de Guararapes, Cláudio de Morais, ele relata lutas históricas por direitos sociais e urbanização da área, assim como a história do índio e do negro na região. Falecido em 12/10/1997, liderou um movimento social voltado para a compra de terrenos e regularização das casas da comunidade recém-formada. Foram revelados por sua filha Lucimar Couto de Morais, que foi entrevistada pela educadora ambiental Denise Alves, conduzida por jovens moradores que atuam no Projeto Anfitriões do Cosme Velho. Lucimar é pedagoga e atualmente é a guardiã da memória desta luta. Ela abriu seus arquivos de textos, filmes e fotos históricas, no decorrer de um evento de educação ambiental e arte, projeto Anfitriões em fevereiro de 2009.

O berço do Rio Carioca e o berço da cidade misturam-se nesta área histórica. Nas proximidades da favela Guararapes existiram aldeias indígenas e mais tarde fazendas e quilombos, onde hoje estão situados a cidade e as áreas do Parque Nacional da Tijuca.

A comunidade Guararapes teve início em 1930, com um pequeno núcleo de moradores, ampliado em seguida por parentes e amigos do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo. "Antes nós éramos moradores da extinta Fazendinha, de propriedade do coronel Fantainha, sendo o Sr. Rômulo de Moraes Couto o responsável pelos empregados da fazenda, onde hoje localiza-se parte das ladeiras Guararapes, Peixoto, Conselheiro Lampreia e Mauriti Santos. Com a venda da fazenda para a imobiliária Perseverança, as famílias tiveram necessidade de atravessar o Rio Carioca, ocupando a área de propriedade da família Maial Guilei. Em 1967, após 30 anos de ocupação, a nova geração de Guararapes teve a honra de estar organizada e comprar a propriedade de 33.720 m2, por 50.000 cruzeiros, pagos de 1967 a 1974, pagando todos os débitos", relatou no documento Cláudio de Morais, primeiro presidente da Associação de Moradores de Guararapes.
Toda essa luta foi registrada pelo cineasta Sérgio Péo, na década de 70, no filme Guararapes, que relata a luta dos moradores pela permanência na área, face a tentativas do governo militar de remover a comunidade para o subúrbio. Vitoriosos após intensa mobilização, com respaldo na escritura dos imóveis, os moradores recontam até hoje esta história, motivo de orgulho para as novas gerações.
Estes fatos têm como conseqüência o projeto de educação ambiental do Parque Nacional da Tijuca, que tem a preocupação de tratar a questão ambiental de forma ampla, sem dicotomiza ser natural e ser cultural, estabelecendo assim uma estreita relação com o campo dialógico/intersubjetivo (GUIVANT, 1999); (ALVES, 1995, p.11) em que diferentes saberes devem ser considerados.

A perspectiva desse trabalho passa por construir uma proposta de educação ambiental que emerja das praticas sociais, como defende GONÇALVES, (2000), onde haja participação dos sujeitos sociais contrapondo a proposta de uma educação ambiental pautada de fora para dentro.

Entre 2007 e 2009, esse trabalho vem sendo realizado junto às comunidades do Cosme Velho, através de uma proposta de pesquisa-ação (THIOLLENT 1992), em que gradativamente foi superado um impasse no diálogo e desenvolvido uma relação de confiança.

Neste percurso, pudemos conhecer parte da história destas comunidades e compreender as lutas sociais precedentes e o processo atual de organização. O espírito de luta está presente hoje na busca pela sobrevivência , num trabalho de turismo passado de geração a geração. No decorrer dos últimos 30 anos,, o trabalho de grupos da s comunidades Guararapes e Cerro Corá foi desenvolvido através da articulação com diversos atores sociais, sendo legitimado por alguns e discriminado por outros, configurando-se atualmente um conflito sócio-ambiental,(QUINAS, 2009, p.50) que envolve os moradores / trabalhadores das comunidades, moradores dos bairros vizinhos, o Parque Nacional da Tijuca, Prefeitura e Estado do Rio de Janeiro, entidades da sociedade civil, a Arquidiocese do Rio de janeiro, empresas relacionadas ao turismo, órgãos de comunicação e outros setores. O objeto de disputa é o acesso e desenvolvimento de serviços turísticos em um bem público, patrimônio natural e cultural presente no Parque Nacional da Tijuca: o Corcovado, com a estátua do Cristo Redentor.

Nesse contexto, percebemos um rico painel histórico e cultural, em que a questão sócio ambiental e a questão cultural são faces da mesma moeda. Situadas entre as florestas do Parque Nacional da Tijuca e a cidade, com o Rio carioca entrecortando as vielas da comunidade Guararapes, encontramos grupos sociais que reproduzem a cultura do enfrentamento e da resistência pelo direito à cidadania e ao trabalho. A identidade cultural dos jovens Anfitriões é o fio condutor da luta pelos direitos sociais no decorrer das últimas gerações. Esta luta até o momento esteve concentrada na questão de trabalho e renda, com grande potencial de alcançar as questões de defesa ao meio ambiente, saúde e educação, uma vez o processo de organização interna e articulação com outros atores sociais possa ser desenvolvido na perspectiva de cidadania.

AMOSTRA DO SITE - Alugue um site pronto por apenas R$ 50/mês na Loguei.com Saiba mais
Site criado na Loguei.com